domingo, 9 de dezembro de 2012

Bolsas de apostas


Quando imagino o jovem de hoje, da geração Y, sempre vejo referências inusitadas e até conflitantes. Dizem que essa é uma geração perdida no meio de tantas possibilidades que a realidade atual apresenta e, por isso, é incapaz de se aprofundar em algum tema. Contudo, talvez por causa de todo o “investimento” que foi feito, cobra-se da mesma que ela seja um sucesso de competência. Muitos imaginam que, só por ser da geração Y, o jovem tem que ser, necessariamente, um talento. Isso é um engano terrível e só contribui para atrasar o desenvolvimento e a maturidade dele.
Talento não é exclusividade de uma geração, muito menos uma capacidade que se alcança apenas através do acesso a tecnologia, infraestrutura ou recursos educacionais modernos. Há um fator decisivo para que um talento se manifeste: um mentor apostar no jovem e auxiliá-lo no desenvolvimento de seu potencial.
Vivemos, porém, em um tempo em que os mentores são raros e nem sempre são conquistados pelos jovens. Na verdade, aqueles que poderiam ser mentores estão muito ocupados competindo com os próprios jovens por um lugar no mercado.
Essa realidade é uma distorção do fluxo ideal para o desenvolvimento de pessoas talentosas, pois, quando um jovem não tem seu potencial identificado, não há apostas em suas capacidades e, consequentemente, não são apresentados a ele desafios que permitam desenvolver o próprio talento.
Gosto muito do pensamento de Charles Handy, em seu livro The Hungry Spirit, quando diz que:
“A sociedade deveria tentar oferecer a cada jovem um mentor de fora do sistema educacional, alguém que tivesse grande interesse no desenvolvimento e progresso daquela pessoa na vida”.
Não se encontra mentores no Google e nem é possível dispensá-los quando se quer. Todo conhecimento tácito, que também é conhecido como experiência, está nas mãos dos mais veteranos. Para ter acesso a esse conhecimento, é indispensável conquistar um mentor. Para isso, só há um caminho: SER APRENDIZ.
Entretanto, nos dias atuais, nos quais os jovens querem ser vistos e reconhecidos como vencedores, não é muito comum identificar a postura de aprendiz, isto é, estar aberto para o aprendizado, não apenas ao conhecimento acadêmico, mas também ao velho e bom “pulo do gato”.
O processo é muito simples: quando um mentor identifica um jovem e decide apostar em suas capacidades, ele direciona recursos e desafios para valorizar os resultados que podem ser alcançados. Para esse mentor, o jovem é um potencial. E tudo que decidir em relação ao jovem, terá o objetivo de desenvolver esse potencial para que se manifeste o talento.
A chave é conquistar um mentor, assim, você terá alguém que te ajudará a desenvolver o seu talento.
Alguém está apostando em você?
Tendo como fundamento que o ato de aprender é um processo contínuo que se dá de diferentes formas, concordo que a relação de um mentor, quando compreendido o seu papel, ajudaria essencialmente no processo de formação de um jovem.
Mas, será que é fácil ser mentor, ou encontrar um? Será que os mentores sabem o que eles representam? É certo que um mentor precisa ter claro que o processo de formação e aprendizagem de um indivíduo não é um processo unilateral. Aprender é a ciência da influência exercida por duas ou mais partes, de forma a quebrar o dogma “Tábula Rasa”. Todos nós temos algo a ensinar e a aprender, independentemente de idade, experiência ou grau de instrução. Podemos aprender com os mais jovens ou com os mais velhos, aprendemos em momentos formais e informais. Não existe regra quando refletimos sobre desenvolvimento humano.
Paulo Freire já dizia: “Os homens se educam entre si mediados pelo mundo”. Partindo desse pressuposto, o mentorado deve ser uma relação natural que as pessoas estabelecem entre si e que objetiva proporcionar a autonomia existencial de um indivíduo pensante em seu contexto social, familiar e profissional.
Aliane Rizzo
Alguém está apostando em você? Está aí mais uma preocupação e desafio para o jovem, no meio de tantas outras: escolher e ser escolhido.
Devemos deixar claro que possuir um mentor que direcione e inspire seus passos é algo que só tem a agregar, mas que não é preponderante ou insubstituível. Muitos chegaram longe e traçaram carreiras maravilhosas sem ninguém por trás, levando “trombadas”, caindo e se reerguendo. Devemos lembrar também que existem diversos tipos de mentoria, que podem ser informais ou formais, empresariais ou pessoais.
A pessoal, que estamos nos referindo aqui, é a que não se procura no Google e nem em prateleiras; acontece naturalmente. O relacionamento se desenvolve pela identificação que um tem para com o outro, sem precisar de nada em troca, pelo simples prazer de ajudar e ser útil ao próximo. Alguns, porém, podem até não encontrar um mentor com o qual se identifique, e acredito que é melhor estar só do que mal assessorado.
Em uma geração cada dia mais ansiosa para subir e suceder a qualquer custo, um mentor pode trazer tranquilidade e a melhor das sensações para o mentorado: a que nada substitui a experiência e que tudo acontece no seu tempo. Se você ainda não escolheu o seu mentor, comece a exercitar sua percepção.
Quem te inspira na área em que você atua? Essa pessoa é acessível? Doaria o tempo precioso dela para você?
Sim? Conquiste-a!
Fonte: exame.abril.com.br (adaptado título e imagem)

5w2hgestao&consultoria

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